sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Cenas da Cracolândia


Antes de ontem eu fui à Cracolândia, região da cidade de São Paulo que está sofrendo uma repressiva ação policial, gravar uma vídeorreportagem pra TVT. A pauta era com missionários do projeto "Cristolândia", pertencente à Igreja Batista, que presta apoio aos usuários de crack da região e também com os próprios usuários.

A poucos dias atrás eu estava de férias, então vim acompanhando relativamente pela web essa situação... mas bastou eu ir lá pra ver que o clima está verdadeiramente tenso. Eu já estava gravando a matéria fazia mais do que meia hora, quando passou uma viatura que parou ao ver pessoas em situação de rua sentados na calçada em frente ao projeto. Os policiais saíram do carro e iam abordá-los, mas como o Padre Júlio Lancelotti, conhecido apoiador de pessoas em situação de rua, estava lá, eles voltaram para a viatura. Nesse instante a galera que vive na Cracolândia zuou os policiais, no sentido de dizer que eles afinaram por conta da presença do padre. Com isso os militares voltaram vorazes, ameaçando a paz no local. Em poucos minutos, o local estava cheio de viaturas. O Padre Júlio foi buscar um papel da defensoria pública que diz que as pessoas tem o direito de ficarem na via pública e não podem ser retiradas. Nesse momento, pus o microfone pro Padre Júlio falar e também pro policial, que repressivamente deu um tapa no microfone da TVT, mostrando como é o procedimento padrão da Polícia Militar do Estado de SP. No mesmo momento eu pensei: se a polícia faz isso em frente às câmeras, e sem motivo nenhum, imagine o que eles não fazem com essas pessoas que vivem na rua e não tem como se proteger na calada da noite??
Isso tudo somente reforça o que eu já sinto e acredito: a Polícia existe no Brasil para servir e proteger os ricos... e reprimir os pobres. E já foi o tempo disso mudar.
Assista ao vídeo abaixo e deixe a sua opinião a respeito do ocorrido:


Meu comentário

Concomitantemente à de SP, Goiânia também teve a sua "Operação Sufoco"

Moradores de ruas foram levados para o 1º Distrito Policial (Foto: Adalberto Ruchelle)
Por Lis Lemos, no site A Redação


Viciados em crack e moradores de rua são recolhidos pela PM
A Polícia Militar deflagrou, na manhã desta terça-feira (10/1), uma operação que visa identificar pessoas em situação de rua em Goiânia. Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP-GO), o objetivo da Operação Salus é tirar consumidores de crack das ruas, embora pessoas que não sejam usuárias também sejam alvo da operação.

Ao todo, 71 policiais militares do Choque e do Giro, além de 20 guardas municipais, estiveram em diversos pontos da capital para recolher essas pessoas. Segundo o comandante da Operação, Tenente Coronel Queiroz, os locais mais visados foram os terminais de ônibus, terminais rodoviários e casas abandonadas, conhecidas como "mocós". "Eles se concentram em locais de maior circulação de pessoas, geralmente cometendo pequenos delitos". Mais de 50 pessoas foram encaminhadas para o 1º Distrito Policial.

Segundo ele, outro objetivo é recapturar foragidos da justiça. Questionado sobre a possibilidade de pessoas que não cometeram delitos se recusarem a seguir com os policiais, já que não são obrigadas, o coronel foi categórico: "não existe essa alternativa de não querer".

Tratamento
A Secretaria Municipal de Assitência Social não acompanhou a abordagem dos policiais, mas participou da triagem dessas pessoas no 1º DP. Segundo a assessoria de imprensa os "moradores de rua que não possuírem vínculo familiar serão encaminhados à Casa de Acolhida Cidadã" e as crianças e adolescentes serão levados para o Complexo 24 Horas.

Ainda segundo a Semas, as pessoas em situação de rua usuárias de drogas serão encaminhadas para o Caps Girassol e Caps Álcool e Drogas. No entanto, a conselheira do Conselho Federal de Psicologia e diretora da Divisão de Saúde Mental da Secretaria Municipal de Saúde, Heloiza Massanaro, afirma que não foi notificada pela secretaria, mas que "as portas dos Caps estão abertas para acolher essas pessoas".

Sobre a ausência de outros agentes, além dos policiais, no recolhimento das pessoas em situação de rua, Heloíza se diz apreensiva, pois sabe que essa população é tratada com preconceito. "A população de rua não é respeitada como gente e sim, considerada como resto social". Para ela, "é preciso que se busque uma solução de verdade e não fazer uma higienização da cidade".

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil - seção Goiás (OAB-GO), Alexandre Prudente Marques, compartilha da opinião de Heloíza. Ele defende que a operação não deveria ser encabeçada pela Polícia Militar e sim pela Secretaria de Saúde ou de Cidadania e Trabalho. "Esse não é só um problema de Segurança Pública, mas muito mais um problema social", defende. Segundo o advogado a triagem não deveria ser feita em um distrito policial. "Quem tem que ser encaminhado para a delegacia é quem foi preso em flagrante", defende.
Atualização - 13/01/2012 
A  "Operação Sufoco Daqui" foi bem semelhante à daí. Por aqui os resultados foram decepcionantes,  o que deve se repetir aí, assista ao vídeo:
"Após operação da PM, moradores voltam para as ruas de Goiânia.
Polícia recolheu 140 moradores de rua, mas apenas seis foram abrigados.
Semas alega que antes de abrigá-los é preciso que eles aceitem ir."
Usuários e andarilhos de volta às ruas da capital
Pessoas abordadas pela Operação Salus voltaram a frequentar os mesmos locaishttp://www.sinpolgo.org.br/v2/index.php?option=com_content&task=view&id=3920&Itemid=1



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